O Brasil tem um histórico educacional bastante complicado, com números baixos em testes internacionais, pouca adesão de pessoas de baixa renda às universidades públicas e com taxas altas de abandono ao ensino médio, além de alunos desmotivados, professores com baixos salários e falta de investimento na área.
Segundo pesquisa da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) 2015, entre os 76 países avaliados, o Brasil ocupa a 60ª posição no que diz respeito a qualidade da Educação. Em primeiro lugar está Cingapura, seguido de Hon Kong e Coreia do Sul. Na última posição está Gana.
De acordo com esse relatório do Todos pela Educação, podemos verificar um duradouro retrocesso na educação. Em 1997, a taxa de alunos com aprendizado adequado em matemática no 3º ano era de 17,9%. Ano após ano, a qualidade do ensino teve queda até chegar ao índice de 2015 (7,3%). E esse índice apesar de melhor no que diz respeito à conhecimentos em língua portuguesa, também não fica muito atrás, houve um retrocesso de mais de 12 pontos percentuais em comparação ao ano de 1997.
De acordo com pesquisas da Revista Galileu, as pessoas criam aversão à matemática muito cedo. Reforçar ideias como a distinção de quem é de humanas não sabe matemática é um tanto quanto ignorante, a forma como a educação brasileira não é interseccional contribui também para essa carência de entendimento.
A matemática na escola é ensinada tendo poucos exemplos de como pode ser aplicada na rotina do aluno. Portanto, ele não consegue compreender a sua enorme aplicabilidade na sua vida. Quando este chega a vida adulta, não consegue fazer operações simples que envolvem suas compras de mercado, seu imposto de renda, e/ou saber se o troco do mercado está certo. Claro que esse número é mais alarmante entre estudantes de escola pública, uma vez que há menos investimento e também baixos salários aos professores.
Como um exemplo, a autora desse artigo, Amanda Balzano, não teve aulas de matemática durante todo segundo ano do ensino médio, teve apenas atividades para ganhar nota uma vez que não conseguiram contratar um professor.
Havendo poucos adolescentes interessados na matéria, esse número diminui mais ainda em relação à sua procura nas universidades, a fim de seguirem a carreira de professor.
Toda essa bola de neve, atrapalha o desenvolvimento tecnológico, em 1980, pesquisadores brasileiros haviam dado entrada ao pedido de 53 patentes no USPTO, o escritório americano de patentes, enquanto os coreanos, somente 33. No ano passado, a situação inverteu-se dramaticamente: o Brasil registrou 113 patentes e a Coréia do Sul, 3.472. (VASCONCELOS, YURI, 2016).
Um país com investimento em pesquisa, em comparação a outros países, quase nulo, baixa de salários, falta de interesse dos alunos, deve-se haver mudanças drásticas no que diz respeito ao plano de educação e investimento.
Para reverter esse cenário é preciso que muitas pessoas deem as mãos: o governo, os alunos, os professores, os pesquisadores, as universidades, as escolas. Nesse cenário, cada parte envolvida deve levar em consideração o atraso tecnológico do Brasil, estimulando no âmbito educacional mais pesquisadores, no âmbito político mais investimentos, para os alunos conscientizações da importância da matéria, para os professores maiores salários e melhor qualificação profissional. Dessa forma, aos poucos é possível melhorar esses números e garantir um avanço social.
Matemática não é um bicho de 7 cabeças, a situação educacional do país que é.
Comentarios