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Fakenews, bolhas virtuais e seus riscos



A disseminação de conteúdo via mídias sociais é uma forma bombardeada de informação e é diretamente ligada à formação de opinião, aos interesses comerciais e de marketing e também uma maneira rápida através dos feeds de adquirir conhecimento.

Quando trazemos para o contexto político temos ainda um problema maior: o quanto essa disseminação e propagação de mensagens falsas, ditas como fake news, podem afetar a Segurança da Informação e a democracia.


Um dos pilares da Segurança é a integridade, este pilar pode ser facilmente ferido com o crescimento das fake news.

O disparo e compartilhamento de fake news não é apenas uma ameaça democrática mas também contra a vida do ser humano.

O chocante linchamento de mexicano alvo de multidão enfurecida por boatos de WhatsApp

Daniel Picazo foi linchado, espancado e queimado vivo por moradores da cidade de Papatlazolco, no México (fonte BBC, 2022)


Assustadoramente a disseminação de fake news foi diretamente responsável pela morte de pessoas e compartilhamento de falsos dados a respeito da Covid-19. Mensagens públicas do nosso antigo presidente Bolsonaro contribuíram diretamente para isso. Foram propagadas mensagens como de que o uso da máscara não funcionava, remédios como Cloroquina funcionavam contra a doença, e de que a vacina faria mal, isso tudo foi compartilhado mesmo sem evidências científicas.


Profissionais de segurança e tecnologia têm uma missão muito importante no combate da fake news, seja alertando sobre como se proteger e também não compartilhando mensagens sem fontes verídicas. Infelizmente, vemos uma alienação política muito forte que faz com que até mesmo esses profissionais sejam alvo de tais falácias.


Temos um outro problema que são as bolhas virtuais termo cunhado por Eli Pariser. As bolhas são criadas a partir de algoritmos a fim de manter o usuário entretido pelo seu feed, isso significa que quanto mais há interação com fake news e alguma vertente ideológica mais esse usuário irá ver esse tipo de conteúdo. As bolhas fazem parte da manipulação e são bastante eficientes em modular pensamentos e opiniões, fortalecendo assim a disseminação de conteúdos que podem ser prejudiciais tanto à democracia quanto aos direitos humanos. Se esses usuários são expostos a esses conteúdos diariamente os sujeitos terão a tendência de replicar esse pensamento através do compartilhamento e interação com esses mesmos conteúdos, sejam eles preconceituosos ou mentirosos como no caso das fake news.


Pelo lado do marketing, as bolhas virtuais ajudam no mapeamento de perfis comerciais e destinam conteúdos publicitários de acordo com dados coletados em redes sociais, dessa forma, os algoritmos funcionam para filtrar esses conteúdos e oferecer uma melhor navegação. Isso também ocorre para manter as pessoas cada vez mais conectadas às redes e por maior tempo.

É interessante pensar como essa modulação de pensamento contribui para ferir o direito de privacidade e intimidade, conceitos retirados da LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados), dessa forma, hábitos, costumes, tendências comportamentais são compartilhadas com IA's (Inteligências Artificiais) que acabam conhecendo o titular desses dados as vezes mais do que ele mesmo.


A partir dessa modulação de comportamento temos fenômenos e casos como o da Cambridge Analytica, as quais as informações de mais de 50 milhões de pessoas foram compartilhadas e usadas sem o consentimento delas para fazer propaganda política. A empresa teve acesso através do Facebook pelo aplicativo thisisyourdigitallife que pagou a centenas de milhares de usuários pequenas quantias para que eles fizessem um teste de personalidade e concordassem em ter seus dados coletados para uso acadêmico. Além de que geralmente os usuários não leêm os termos e condições e mal sabem que estão dando suas informações para essas empresas, outro problema foi que o aplicativo também coletou as informações dos amigos de Facebook das pessoas que fizeram o teste.


Os dados coletados como nome, local de moradia, gostos e hábitos, profissão, e rede de contatos foram usados posteriormente para mapear perfis psicológicos e persuadir os usuários a votar no Trump. Voltamos a questão da bolha virtual, a partir disso o feed de notícias do Facebook dessas pessoas foi personalizado induzindo usuários a votação.

Os efeitos dessa hiperconectividade e codependência das mídias são irreversíveis, IA's desenvolvidas para criar deepfakes como o FaceApp fizeram com que a internet ficasse para sempre contaminada com imagens falsas geradas por inteligências artificiais, ou no caso de outros aplicativos que criam também Deepvoices.

Qualquer pessoa com acesso a um aplicativo pode gerar Deepfake ou Deepvoice e posteriormente usar isso para um ataque cibernético como já vimos com o caso a seguir.

Deepfake: Banco perdeu US$ 35 milhões por falsificação da voz de um executivo (fonte Forbes, 2021)


O fato é que combater as fake news significa capacitar as pessoas a respeito dos riscos e também auxiliar o crescimento do pensamento crítico e questionador, isso ajudará muito as pessoas aprenderem a pesquisar e questionar antes de compartilhar.

É preciso que os usuários tomem para si a missão de reduzir os efeitos das fake news e ajudar a disseminar conteúdos verídicos.


Por fim, é imprescindível também pensar em formas regulatórias e legislativas de forma que pessoas e empresas sejam punidas ao compartilhar fake news, sempre tendo como vista a proteção dos direitos humanos e democráticos, a privacidade a não discriminação e pluralidade.

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